quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vício

Estou viciada na padaria. No solitário ritualzinho matinal.
Ontem fui no mercado e comprei coisas saudáveis de café da manhã. Pão integral, iogurte, frutas, queijo branco.
Pra que? Se acordo já pensando na padaria, no cafezinho com espuminha de leite desnatado e no pão na chapa prensado sem miolo.
E hoje, quinta-feira, já vou pra lá pensando no suplemento Paladar, do Estadão. Dispenso os horrores do mundo, a crise e até o segundo caderno e vou direto às páginas sobre comida. Na capa, uma matéria sobre ceviche, que eu adoro, e que há dias penso em fazer, aproveitando o calor e seguindo a receita do meu pai (tem um post das férias sobre isso).
E depois leio o resto do jornal no sofá de casa ao som da máquina de lavar. Quinta-feira é dia de faxina e essa foi a minha desculpa para ir tomar café na padaria.
Mas algo me diz que há algo errado nessa formula de café e pão na chapa, é meio pesado, me deixa com sede... ou talvez seja só a culpa?
Em todo caso, vou tentar mudar. Vamos ver.
A Leticia ali na esquina não ajuda.


Pessoas que encontrei na padaria de manhã: Pepe (pianista), Diogo (cantor), Xaxá (atriz), Pedro (professor de yoga, mas ele não me conhece). A padoca da Natingui é quase um local de trabalho.


PS: Ontem comentei que os textos dos blogs precisam de foto para não serem chatos, e reparei que meus ultimos posts não tem foto. Deve ser por isso que também não tem comentários... Vou dar um jeito nisso, apartir do próximo post.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

L'apero, bistrozinho informal na Vila

Eu lembro quando eles abriram, num point "zicado" da Vila Madalena. Nesse point uma época funcionava um bar gay. Uma noite eu precisava muito de água mineral e entrei para comprar, mas não me deixaram entrar. O segurança me explicou: hoje tem festa de urso e mulher não entra. Fiquei perplexa! O que é festa de urso? O segurança me deixou espiar e então entendi. Eram moços, todos de barba, calça social, camisa social dentro da calça, sapatos de couro e suspensórios. Todos bastante elegantes, dançando juntinho um hit passadista do Barry White. Todos gordinhos. Foi surpreendente! Nem sabia que isso existia!

Mas o bar gay não durou e tempos depois abriu o L'apero. Lembro que estava sempre vazio e que esse vazio espantava os clientes. A primeira vez que entrei foi porque, da rua, ouvi tocar meu disco preferido do Paris Combo. Conversei com o dono rapidamente, que me indicou um outro artista, Mathieu Chedid, (foi o dono que indicou ou alguem que estava com ele, não lembro) e descobri sua versão em francês de "Close to you" do The Cure (muito legal!). Naquele dia só tinha eu no restaurante, e pedi uma terrine com cebola caramelizada e uma taça de vinho. Não lembro o que achei.

E não é que agora é um sucesso? Está sempre cheio. O segredo é oferecer uma comida boa, com o dado sofisticado de ser francesa, mas sem muita frescura e a preços muito razoáveis. Você pede uma das saladas, que são gigantescas e que podem incluir elementos de reforço como presunto crú, brie, ovo, atum marinado, etc; pagar vinte e poucos reais e ainda dividir com a sua companhia (isto não se aplica a dois homens famintos). Também pode tomar um vinho argentino das adegas Uxmal, na temperatura certa, numa taça bonitinha e pagar menos de 40 reais a garrafa.

Eu gosto dessa proposta honesta e realista de preços, que se ajusta perfeitamente à realidade dos profissionais liberais da zona oeste que lotam o salão. E gosto que a cozinha seja farta e simples. Nunca pedi nada diferente das saladas e terrines, mas já vi passar ao meu lado um bifão com batata frita e um prato parecido com o grego mussaka. Não sei do que se tratava mas o cheiro e a aparência estavam ótimos.

Me da muita raiva quando vou num lugar que se diz bom e sofisticado, cobra caro e serve pratos insossos, mentirosos, pura embromação, pura apresentação. Por isso gosto e recomendo o L'apero. Comprovem.

http://www.lapero.com.br/


MK, fevereiro de 2009.