terça-feira, 3 de agosto de 2010

Vinhos da Mulherada

 Fotos da Marie



Tenho como premissa nunca recusar convites da Marie. Ela é muito amiga, muito querida e arruma uns programas inusitados para mim, como as exposições maravilhosas que ajuda a organizar (Cartier-Bresson, Lorca, ... coisas grandes e lindas), suas próprias exposições (como a recente Preto e Branco), fotografar um piloto de Fórmula1 numa churrascaria, comer comida peruana (uma grande paixão sua), tomar banho de mar em Ubatuba ou simplesmente bebericar um chá interessante de sua coleção pessoal. Mas a vida corre e o tempo é uma abstração e por conta disso tenho estado em falta com ela e com minha própria vontade de ir onde quer que ela queira me levar.



Filipa Pato em ação



Mas ontem consegui, e fui numa degustação de vinhos organizada pela Casa Flora (importadora), só para mulheres e com a presença de três grandes enólogas ibéricas: Filipa Pato (Portugal) e Ana López Lindon e Rosália Molino (Espanha). As moças ficaram atrás de grandes mesas com seus produtos, explicando de bom grado os detalhes de seus vinhos. A Filipa Pato (que arrasou no vinho branco), simpatica e discretamente elegante, me lembrou muito a Manuela, cantora da banda portuguesa OsClã. Seu vinho branco estava delicioso, muito suave, deu vontade de estar perto do mar. A Rosália Molina (de vestido florido de verão e brilhantes olhos claros) produz um tinto orgânico maravilhoso, com um aroma meio defumado, muito leve. Ela parecia um pouco cansada, mas sorria bastante e a mesa dela ficou cheia a noite toda. A Ana López Lindon produz um cava muito festejado pelos críticos. Foi a primeira coisa que provei, e gostei, mas não sou uma grande apreciadora dos espumantes e ainda por cima estava faminta. Mas tudo que ela produz é orgânico e as garrafas tinham o design mais arrojado, compridas, com vontade de virar castiçal.



 Filipa Pato, Thais Carvalhal, Rosalia Molina e Ana Lopez



As comidinhas eram muito boas. Croquete de pupunha, tartar de salmão com "pérolas de tapioca" (sagu! ótimo!), trouxinhas de cogumelos (um pouco sequinhas por dentro), mini-kibes com molho de limão, vatapá de lagosta e um nhoque muito gostoso que estava um pouquinho frio (não há massa que resista a uma noite geladinha, quase ao ar livre). A presença me pareceu basicamente de jornalistas e restauranteurs. Conversa animada, ti ti ti feminino, risadas. E com a gente não foi diferente (um grupo composto por mim, uma light designer, uma artista visual e uma produtora da Mostra de Cinema). A gente riu, riu, riu e saiu levemente cambaleante.



A gente realmente entende do assunto*



Um encontro gostoso, uma oportunidade de conhecer novos vinhos e de ver como a mulher vai ocupando espaços tradicionalmente masculinos. O mundo muda, às vezes mais rápido ou mais devagar, mas muda. Agora, sobre o aspecto puramente feminino da noite, essas coisas me fazem entender por que Deus criou dois sexos. Os garçons, bonitos e simpáticos: um oásis. Nos eventos puramente masculinos deve ser assim também. Mas nesses eu não vou, né?


*fotos de Marie Hippenmeyer